Comprovação de gravidez após
dispensa não reverte demissão por justa causa
Uma trabalhadora demitida por desempenhar com ineficiência
e descaso sua atividade não pode reverter a justa causa ao fazer teste de
gravidez no dia seguinte à dispensa.
Uma tralhadora demitida por desempenhar com ineficiência e
descaso sua atividade não pode reverter a justa causa ao fazer teste de
gravidez no dia seguinte à dispensa. A cronologia mostra que a empresa
não sabia da gestação e que o fato não teve nenhuma relação com a
demissão. Este foi o entendimento de duas instâncias e confirmado pelo
Tribunal Superior do Trabalho no caso de uma faturista da empresa de
produtos alimentícios do Paraná. Para os julgadores, ficou comprovado que
ela agiu com desídia e causou prejuízos à empresa.
O juízo da 5ª Vara
do Trabalho de Londrina (PR) concluiu que a faturista não atuou com o
devido cuidado em tarefas que lhe competiam de forma exclusiva,
justificando a dispensa motivada. A sentença foi mantida pelo Tribunal
Regional do Trabalho da 9ª Região, que constatou, nos documentos
apresentados pela empresa, um número elevado de protestos de títulos,
cujo agendamento era de responsabilidade da faturista. O tribunal
observou ainda que a dispensa não ocorreu em virtude da gravidez, uma vez
que o exame que a comprovou foi feito no dia seguinte ao desligamento.
No recurso ao TST,
a trabalhadora sustentou que foi dispensada "por motivo pessoal e
unilateral" da empresa, pois não haveria provas do justo motivo para
a dispensa. Afirmou ainda que sempre desempenhou suas funções "com
dedicação, pontualidade e habitualidade e, ainda assim, recebia ameaças
de demissão por parte de seu empregador, que a tratava com desprezo,
severidade e humilhação".
Processo prova que
mulher agiu de forma desidiosa no trabalho no período que antecedeu seu
desligamento.
A ministra Maria
Helena Mallmann, porém, ressaltou que o TRT foi taxativo em afirmar que
foi comprovado, de forma inequívoca, que a faturista agiu de forma
desidiosa no trabalho no período que antecedeu seu desligamento.
"Diante desse quadro fático, não é possível a revisão dessa
premissa, pois demandaria a incursão no acervo probatório dos
autos", afirmou.
Com relação à
estabilidade, a ministra afastou a alegação de violação à Súmula 244 do TST
e ao artigo 10, alínea "b", do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias. "A garantia provisória de emprego à
gestante não persiste ante o cometimento de falta grave capaz de ensejar
a despedida por justa causa", concluiu.
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